Disgrafia é um transtorno de aprendizagem que afeta diretamente a habilidade de escrever de forma clara e ordenada. Diferente de apenas uma “letra feia”, a disgrafia envolve dificuldades neurológicas com a motricidade fina, a ortografia, a organização das palavras e até mesmo a coerência no texto. Não está relacionada com a inteligência da criança, que podem ter inteligência normal ou até mesmo superior, mas enfrentam desafios específicos com a escrita.
Existem diferenças entre a Disgrafia, Dislexia e Disortografia.
A Disgrafia está relacionada ao ato motor da escrita (letra ilegível, desalinhada).
A Dislexia está ligada às dificuldades com a leitura (problemas para identificar sons, associar letras).
Já a Disortografia são problemas com a ortografia (muitos erros ortográficos mesmo em palavras simples).
Os principais sinais de alerta são:
- Aspectos motores: cansaço excessivo ao escrever; segurar o lápis de forma inadequada; postura incorreta ao escrever; pressão inadequada ao escrever (muito forte ou muito fraca).
- Aspectos da escrita: letra ilegível, mesmo com esforço; desorganização no papel (linhas tortas, palavras sobrepostas); dificuldade em manter o espaçamento entre as palavras; escrita muito lenta ou muito rápida; letras de tamanho diferentes da mesma palavra.
- Aspectos comportamentais: evitam tarefas escritas; frustração durante atividades de escrita; baixa autoestima relacionada ao desempenho escolar; preferência por respostas orais.
- Aspectos ortográficos: erros ortográficos frequentes, mesmo em palavras conhecidas; dificuldade na composição de textos; problemas com organização e estruturação de pensamento no papel.
As principais estratégias para os pais podem ser:
- Atividades multissensoriais para reforçar a escrita: a escrita não depende apenas dos músculos das mãos, mas também da percepção tátil e do processamento sensorial. As atividades recomendadas podem ser sacos sensoriais (preenchidos com gel ou arroz, para pressionar e movimentar os dedos); pintura com os dedos (usando tintas, espumas e pincéis grossos); escrita em superfícies texturizadas (areia, farinha ou bandejas com sal).
- Exercícios de coordenação motora fina. As atividades podem ser a de encaixar tampas; uso de pinças e pregadores (para pegar pequenos objetos ou prender cartões); massinha de modelar (apertar e fazer formas).
- Ferramentas adaptadas para facilitar a escrita: lápis com pegadores emborrachados (ajudam a segurar melhor sem fazer força excessiva); tesouras adaptadas (com molas ou pegadores ergonômicos); folhas pautadas mais largas (ajudam na organização e alinhamento).
- Gestão do tempo e redução de frustração: dividir tarefas em etapas menores com pausas.
- Reforço positivo e incentivo: criar um mural de incentivos para celebrar progressos; dar feedback positivo focado nos avanços, não apenas nos erros; usar bilhetes motivacionais e elogios.
- Ferramentas tecnológicas : aplicativos de escrita digital para treinar caligrafia em tablets; programas de digitação; softwares de reconhecimento de voz para organizar ideias sem barreiras motoras.
Melanie Grunkraut