Sei que estou dentro de uma plataforma onde o foco é a constituição das mães atípicas e seus desdobramentos.
Quando do nascimento de um bebê, que traz consigo o desafio de questões inesperadas, onde buscar força e modelo para se entender mãe, quando a demanda, muitas vezes inesperada, é desorganizadora?
O que fazer com o desapontamento, a surpresa da notícia, a dificuldade em aceitar o desafio?
Parece que o mundo desaba, o chão falta, a compreensão fica comprometida e a vontade é sumir, num primeiro momento. Ou ainda, sir em busca desesperada de soluções e caminhos possíveis, sem pensar e olhar a dor da realidade.
O choque é tanto, que anestesia os sentidos. A busca em solucionar o problema é tamanha, como se assim fosse possível diminuir a dor da perda do bebê imaginado, do bebê idealizado e sonhado.
Aliás, durante a vida, nós mulheres precisamos refazer e reconstruir tantas coisas, inclusive a nós mesmas enquanto mulher, que carregamos a responsabilidade de dar continuidade a vida. É um poder inerente a condição feminina.
Entender esta condição única e intransferível, já é em si, uma capacidade incrível e importante.
Muitas vezes me pergunto, por que as mulheres foram impedidas de exercer esta capacidade?
A sociedade vem mudando bastante, mas trazemos dentro de nós ainda o ranço milenar de opressão e impedimento de usar nossa capacidade feminina.
Toda mãe traz em si, o feminino poderoso. A capacidade de gerar uma vida dentro de si. A meu ver, não é pouca coisa, não acham?
O feminino que está dentro de nós mulheres, pode ser o lugar onde está a força que toda mulher tem dentro de si. É uma questão de olhar, reconhecer-se, sem medo de críticas ou modelos estabelecidos.
Autoria: Miriam Goldstajn
