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Construindo Vínculos: Como Superar a Falta de Aceitação do Professor pelos Alunos

Este é um tema muito delicado e relevante no ambiente escolar. Abordar essa questão sob a ótica da psicopedagogia nos permite ir além do "gostar" ou "não gostar", investigando as raízes do conflito na relação ensino-aprendizagem.

Como psicopedagoga, uma das questões mais recorrentes que ouço de pais e até mesmo de educadores é: "Meu filho não gosta do professor X e, por isso, não aprende". Essa queixa, embora comum, carrega em si uma complexidade que merece ser desvendada. Reduzir o problema a uma simples questão de afinidade pessoal é ignorar as profundas conexões que existem entre o vínculo afetivo, a metodologia de ensino e o processo de aprendizagem.

A sala de aula é, antes de tudo, um espaço de relações humanas. Para que a aprendizagem floresça, é preciso que exista uma ponte de confiança e segurança entre o professor e o aluno.

Quando um aluno manifesta aversão a um educador, raramente o motivo é superficial. Geralmente, trata-se de um sintoma de que alguma peça fundamental nessa engrenagem não está funcionando bem.

Vamos analisar as possíveis causas sob uma perspectiva psicopedagógica:

1. A Quebra do Vínculo Afetivo

A aprendizagem é intrinsecamente ligada à emoção. Um aluno precisa se sentir visto, respeitado e acolhido para se permitir aprender, o que envolve se arriscar, errar e perguntar. Um professor que, mesmo sem intenção, adota uma postura percebida como autoritária, impaciente, irônica ou distante pode gerar no aluno um sentimento de inadequação ou medo. Essa barreira emocional bloqueia os canais cognitivos. O cérebro, em estado de alerta ou estresse, não aprende com eficácia.

2. Metodologias que Não se Conectam

Cada aluno possui um estilo e um ritmo de aprendizagem. Alguns são mais visuais, outros mais auditivos; alguns precisam de exemplos práticos, outros se dão bem com a abstração. Um professor com uma metodologia muito rígida e unilateral, que não contempla essa diversidade, pode gerar frustração. O aluno que não consegue acompanhar sente-se "burro" ou desinteressado, quando, na verdade, ele apenas não encontrou uma porta de entrada para aquele conhecimento. A percepção negativa sobre a aula acaba sendo transferida para a figura do professor.

3. Dificuldades de Aprendizagem Não Identificadas

Muitas vezes, a aversão ao professor é, na realidade, uma aversão à disciplina, mascarando uma dificuldade de aprendizagem específica (como dislexia, discalculia ou TDAH). O aluno, não conseguindo realizar as tarefas propostas, desenvolve um mecanismo de defesa: "Eu não gosto desse professor" é mais fácil de dizer e sentir do que "Eu não consigo aprender essa matéria". O professor torna-se o alvo de uma frustração que é, na sua origem, interna.

4. O Efeito Espelho: Identificação e Projeção

A relação professor-aluno é um campo fértil para projeções. Às vezes, um professor pode ter traços de personalidade ou atitudes que lembram ao aluno outra figura de autoridade com quem ele tem uma relação conflituosa. Inconscientemente, o aluno transfere sentimentos negativos dessa outra relação para o professor. O contrário também ocorre: o professor pode projetar no aluno expectativas e frustrações próprias.

O Que Fazer?

  • Para os Pais: Antes de validar a queixa e culpar o professor, investigue. Converse com seu filho com perguntas abertas: "O que acontece na aula que te faz sentir assim?", "Houve alguma situação específica que te chateou?". Procure a coordenação pedagógica para entender a perspectiva da escola e, se necessário, solicitar uma mediação.
  • Para a Escola: É fundamental que a equipe pedagógica esteja atenta a esses sinais. A "birra" de um aluno com um professor pode ser o primeiro indício de uma dificuldade de aprendizagem ou de um problema na dinâmica da sala de aula. A observação em sala e a mediação de conflitos são ferramentas essenciais.
  • Para o Professor: A autoavaliação é um ato de coragem e profissionalismo. Refletir sobre a própria prática, buscar diversificar as metodologias e, principalmente, esforçar-se para construir uma conexão individualizada com cada aluno, reconhecendo suas potências e dificuldades, é o que transforma um transmissor de conteúdo em um verdadeiro mestre.

Em suma, o "não gostar" de um professor é um sinal de alerta que não deve ser ignorado. Ele nos convida a olhar com mais atenção para a complexa e delicada teia de afetos, métodos e desafios que constitui o ato de aprender e ensinar.

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