Receber o diagnóstico de Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) de um filho pode gerar muitas dúvidas e angústias. Meu objetivo, como psicopedagoga, é oferecer um caminho de compreensão e estratégias práticas para que possam construir um ambiente familiar mais harmonioso e apoiar o desenvolvimento saudável da sua criança ou adolescente.
O que é o TOD e por que meu filho age assim?
Primeiramente, é fundamental entender que o TOD não é "birra", "má criação" ou uma escolha da criança. Trata-se de uma condição neurobiológica que se manifesta por um padrão persistente de humor raivoso/irritável, comportamento questionador/desafiador e índole vingativa. A criança com TOD frequentemente desafia regras, discute com adultos, se recusa a obedecer e culpa os outros por seus erros.
Esse comportamento não é intencional para magoar, mas sim uma dificuldade genuína em regular emoções, lidar com frustrações e responder a figuras de autoridade. Fatores genéticos, emocionais e ambientais contribuem para o quadro.
Estratégias para Lidar com o TOD em Casa
A boa notícia é que a família é a peça-chave na melhora da criança. Com as ferramentas certas, é possível transformar a dinâmica do lar.
- Consistência e Clareza são a Base de Tudo
- Regras unificadas: Pai, mãe e todos os cuidadores devem estar alinhados. As regras e as consequências precisam ser as mesmas, independentemente de quem está com a criança. Inconsistências geram mais desafios.
- Comandos diretos e objetivos: Ao dar uma ordem, seja claro, objetivo e use poucas palavras. Evite justificativas longas. Mantenha contato visual e um tom de voz firme, mas nunca agressivo.
- Mude o Foco: Do Negativo para o Positivo
- Reforce os acertos: Em vez de focar apenas nos comportamentos inadequados, elogie e recompense ativamente as atitudes positivas. Seja específico: "Adorei como você guardou seus brinquedos quando pedi!". Isso mostra qual comportamento é esperado.
- Ignore pequenos desafios: Nem toda batalha precisa ser travada. Comportamentos que visam apenas chamar a atenção, se não forem prejudiciais, podem ser ignorados. Isso retira o "poder" da provocação.
- Construa Pontes, Não Muros
- Seja um parceiro, não um general: Além de dar ordens, invista tempo de qualidade com seu filho. Brinque, conheça seus gostos e interesses. Esse vínculo afetivo aumenta a disposição da criança para colaborar.
- Escuta ativa e validação de sentimentos: Antes de reagir a uma explosão, tente entender a frustração por trás dela. Diga frases como: "Eu entendo que você está chateado porque...". Ensinar a criança a nomear suas emoções é o primeiro passo para o autocontrole.
- Mantenha a Calma e Seja o Exemplo
- Evite a luta de poder: Confrontos diretos e agressividade são contraproducentes. Lembre-se que você é o adulto e o modelo de comportamento. Se você grita, ensina que gritar é uma forma de resolver problemas.
- Técnicas de autocontrole: Ensine a criança a respirar fundo ou contar até dez quando sentir raiva. Pratique isso junto com ela.
A Importância da Rede de Apoio
Vocês não estão sozinhos. O tratamento do TOD é multidisciplinar e envolve a colaboração entre família, escola e profissionais de saúde.
- Terapia é fundamental: A terapia comportamental para a criança e o treinamento de pais são as principais ferramentas de tratamento. Um psicólogo ou psicopedagogo pode oferecer estratégias personalizadas para a sua realidade.
- Alinhamento com a escola: A comunicação constante com os professores é essencial para garantir que as estratégias sejam consistentes em todos os ambientes.
Lidar com o TOD é uma jornada que exige paciência, aprendizado e, acima de tudo, muito amor. Ao adotar uma postura empática, firme e consistente, vocês estarão fornecendo a base segura que seu filho precisa para aprender a gerenciar seus desafios.
Bibliografia