O fato da tecnologia estar ou existir concomitantemente em todos os lugares, pessoas ou objetos na vida de crianças e adolescentes traz desafios únicos para a manutenção de hábitos saudáveis de sono. O uso excessivo de dispositivos eletrônicos, particularmente nas horas que antecedem o sono, tem sido associado a múltiplos problemas relacionados..
Impactos da Luz Azul:
A exposição à luz azul emitida por telas de dispositivos eletrônicos pode suprimir a produção de melatonina, atrasando o início do sono e alterando a arquitetura do sono. Este efeito é particularmente pronunciado em adolescentes, que já apresentam tendência natural para atraso de fase.
Estratégias para minimizar esses impactos incluem o uso de filtros de luz azul, aplicativos que ajustam automaticamente a temperatura de cor das telas, e o estabelecimento de "toques de recolher" para dispositivos eletrônicos.
Conteúdo Estimulante:
Além dos efeitos da luz, o conteúdo consumido através de dispositivos eletrônicos pode manter o cérebro em estado de alerta, dificultando a transição para o sono. Jogos eletrônicos, redes sociais e vídeos estimulantes podem aumentar o arousal cognitivo e emocional, interferindo na capacidade de relaxar.
A educação sobre o timing e tipo de conteúdo consumido antes de dormir é fundamental. Atividades mais calmas e relaxantes devem ser priorizadas nas horas que antecedem o sono.
Tendência natural de cada pessoa em relação aos horários de sono e vigília.
É importante reconhecer que existem diferenças individuais significativas nos padrões de sono, conhecidas como cronotipos. Algumas pessoas são naturalmente "matutinas" (cronotipo matutino), enquanto outras são "vespertinas" (cronotipo vespertino).
Durante a adolescência, há uma tendência natural para o cronotipo vespertino, mas a magnitude desta mudança varia entre indivíduos. Compreender e respeitar estas diferenças individuais é importante para desenvolver estratégias de intervenção realistas e eficazes.
Fatores Socioeconômicos e Culturais
Os problemas de sono não afetam todas as crianças e adolescentes de forma igual. Fatores socioeconômicos, como condições de moradia, estresse familiar e acesso a cuidados de saúde, podem influenciar significativamente a qualidade do sono.
Crianças de famílias com menor renda podem enfrentar desafios adicionais, como ruído excessivo no ambiente de sono, compartilhamento de quartos, horários irregulares devido ao trabalho dos pais, e menor acesso a informações sobre higiene do sono.
A abordagem psicopedagógica deve ser sensível a estes fatores, oferecendo estratégias práticas e realistas que considerem as limitações e recursos disponíveis para cada família.